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Há espaço para a Educação Ambiental?

 

O governo que ora dirige o Brasil iniciou o novo ciclo de mandato sob o mote: “Brasil, pátria educadora”. Contudo, à mercê do caos econômico e político, no segundo ano da atual gestão o que vemos, de fato, é a redução do nível de investimento no setor educacional. Como bem sabemos, a educação brasileira está longe de alcançar um nível razoável de respeitabilidade no âmbito mundial e isso pode ser comprovado com números.

A situação da educação no Brasil, segundo a OCDE

De acordo com o levantamento mais recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no Brasil apenas 45% dos adultos com idades entre 25 e 64 anos completaram o ensino médio. Levando em conta a qualidade do sistema educacional, que é avaliado pelo Programa Avaliação de Estudante Internacional (Pisa, na sigla em inglês) da OCDE, obtivemos 402 pontos no domínio de leitura, matemática e ciências – bastante abaixo dos 497 pontos da média do Pisa. Na escala de escolaridade, que lista 36 países em um sistema ade pontuação que vai de zero a dez, ficamos em 35º lugar, com 1,8 pontos, enquanto a Finlândia, a primeira colocada, atingiu 9,5 pontos.

Diante de um quadro tão desalentador, será que a Educação Ambiental encontra chances de se desenvolver realmente no Brasil?

Solução

De fato, segundo a mesma OCDE, nos últimos anos melhoramos bastante o nosso quadro geral no que diz respeito a vários parâmetros. Posicionamo-nos hoje acima da média do bem-estar subjetivo, do equilíbrio vida/trabalho e conexões sociais, mas permanecemos abaixo da média do engajamento cívico, da moradia, da qualidade do ambiente, do estado de saúde, da segurança pessoal, da educação e das qualificações das pessoas.

Ora, neste contexto, a Educação Ambiental se insere como uma solução necessária, que não pode ser vista como uma alternativa sofisticada para os nossos parâmetros. Certamente, grande parte da solução passa pela Educação Ambiental, o que a coloca na condição de necessidade premente.

Construindo valores

Como define o Artigo 1º da Lei Federal nº 9795, de 27 de abril de 1999, que instituiu no Brasil a Política Nacional de Política Ambiental (Pnea), “entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. Com esta compreensão, é possível perceber na Educação Ambiental um caminho que deve ser prioritário, sobretudo em países como o Brasil, que ressentem com o baixo nível educacional.

Afinal, a Educação Ambiental constrói uma visão holística de mundo e fornece as possibilidades de desenvolvimento em todos os níveis do conhecimento. Considerando que, também por definição, ela é transversal a todos os campos do saber, ela possui a capacidade natural para não só exigir que haja o aprendizado dos conceitos que as matérias formais oferecem, como também é capaz de interligar estes conceitos.

Desta forma, o papel da Educação Ambiental transcende em grande medida o simples treinamento do indivíduo para se relacionar com o meio ambiente, considerando que é por meio deste expediente que é possível formar o cidadão para viver em sociedade, para conviver com o meio natural e para usar o saber de maneira prática e consistente.

Sendo assim, podemos deduzir que no Brasil não só deve haver espaço específico para a Educação Ambiental como é necessário fazer com que a esse espaço se conectem todo os demais campos do conhecimento que aqui desenvolvemos, em todos os níveis.